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TREINAMENTO CONCORRENTE (Treinamento concomitante)

  • Foto do escritor: Fábrica De Treino
    Fábrica De Treino
  • 6 de out.
  • 3 min de leitura


⚡ 1. DEFINIÇÃO

Treinamento Concorrente (TC) é a combinação de exercícios de força (musculação) e exercícios aeróbicos (endurance) em um mesmo período de treinamento — podendo ocorrer na mesma sessão ou em dias alternados.

• Essa integração busca melhorar simultaneamente a força muscular e a capacidade cardiorrespiratória, mas pode gerar interferência entre as adaptações fisiológicas de cada tipo de treino.


⚡ 2. O PROBLEMA DA “INTERFERÊNCIA”

• A principal discussão sobre o TC é se ele atrapalha o ganho de força e hipertrofia.• O fenômeno é chamado de efeito de interferência, e ocorre porque as vias moleculares que regulam adaptações aeróbicas e de força competem entre si.

✔ Treino de força ativa a via PI3K–AKT–mTOR, responsável pela síntese proteica e hipertrofia.✔ Treino aeróbico ativa a via AMPK–PGC-1α, ligada à biogênese mitocondrial e resistência muscular.

• O aumento da AMPK (após treinos longos ou intensos de endurance) inibe a mTOR, reduzindo o estímulo para hipertrofia.


⚡ 3. ADAPTAÇÕES DO TREINO AERÓBICO

• O treinamento de endurance provoca:

  • Biogênese e hipertrofia mitocondrial

  • Enzimas oxidativas (melhor uso de oxigênio e gorduras)

  • Captação de glicose e oxigênio pelos músculos

  • Produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), que também participam da sinalização celular.

• Durante o exercício aeróbico:

  • Diminui o glicogênio e o ATP muscular → aumenta o ADP e AMP → ativa a AMPK

  • ↑ Ca++ e ↑ CaMK, que também estimulam PGC-1α, o "interruptor" da biogênese mitocondrial.

Resumo: o treino aeróbico melhora a eficiência energética, mas sinaliza menor síntese proteica muscular.


⚡ 4. ADAPTAÇÕES DO TREINO DE FORÇA

• O treino de força ou resistência com pesos ativa a via PI3K–AKT–mTOR, responsável pela síntese de proteínas musculares e aumento da área de secção transversal das fibras musculares.

• A mTOR regula proteínas-chave:

  • p70S6K → estimula a síntese proteica.

  • 4E-BP1 → quando inibida, libera o início da tradução do mRNA.

  • eIF4E → promove o crescimento muscular.

Resumo: o treino resistido estimula a hipertrofia, mas essa resposta pode ser atenuada se realizado em excesso junto ao aeróbico.


⚡ 5. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS (Meta-análise 1)

Artigo: Concurrent training: a meta-analysis examining interference of aerobic and resistance exercises.

• Resultados gerais:

  • Treino de força isolado gera maiores ganhos de hipertrofia do que o treino aeróbico.

  • No treinamento concorrente, os ganhos de força e hipertrofia diminuem levemente, mas sem diferença estatística significativa — ou seja, ainda são eficientes.

  • O treinamento concorrente tende a reduzir gordura corporal mais do que o treino de força isolado.

Conclusão: o TC não impede ganhos de força e massa magra, mas pode reduzir ligeiramente o ritmo de hipertrofia.


⚡ 6. COMBINAÇÕES E INTERFERÊNCIAS

• Nem todas as combinações de TC afetam o corpo da mesma forma:

  • Força + Corrida → maior interferência na hipertrofia (movimentos excêntricos, impacto).

  • Força + Ciclismo → menor interferência (cadeia cinética fechada e movimentos similares).

• A explicação está no princípio da especificidade:quanto mais semelhantes forem as ações musculares e energéticas, menor a interferência entre os sistemas.


⚡ 7. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS (Artigo 2)

Artigo: Concurrent exercise: do opposites distract?

• Treinos de modo único (só força ou só aeróbico) geram adaptações específicas.• No TC, o treino de força não interfere no aeróbico, mas o inverso pode prejudicar o ganho de massa e força.• A explicação molecular reforça:

  • ↑ AMPK e ↑ PGC-1α → estímulo aeróbico

  • ↓ mTOR → menor síntese proteica

Conclusão: a sequência e o volume de treino aeróbico são determinantes para evitar a interferência.


⚡ 8. APLICAÇÕES PRÁTICAS

Para emagrecimento:

  • O TC é excelente, pois combina gasto calórico do aeróbico com estímulo anabólico da força.

Para hipertrofia:

  • Evitar aeróbico intenso antes da musculação.

  • Priorizar força antes do aeróbico na mesma sessão.

  • Alternar dias (ex: força em um dia, aeróbico no outro).

  • Controlar volume e duração do aeróbico (máx. 30–40 min).

Para saúde geral e condicionamento físico:

  • O TC é a estratégia mais completa, otimizando capacidade funcional, força, resistência e composição corporal.


⚡ 9. CONCLUSÕES GERAIS

• O treinamento concorrente é eficaz para a maioria dos objetivos (condicionamento, emagrecimento, saúde).• O risco de interferência existe, mas é controlável com boa periodização.• A escolha da sequência (força → aeróbico) e da modalidade (ciclismo > corrida) é fundamental.• Em academias e programas de ginástica, o TC é amplamente aplicável com ajustes de intensidade, ordem e volume.


⚡ 10. REFERÊNCIAS

  • Evangelista, A. Treinamento Concorrente. Material de apoio — Ginástica de Academia.

  • Wilson, J. M. et al. Concurrent training: a meta-analysis examining interference of aerobic and resistance exercises. Journal of Strength & Conditioning Research, 2012.

  • Coffey, V. G., & Hawley, J. A. Concurrent exercise training: do opposites distract? Journal of Physiology, 2017.


 
 
 

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